terça-feira, 10 de julho de 2012

Olhavam-se de longe com medo de se aproximarem. Hirtos, inflexíveis, muito dignos no seu orgulho solitário. Todos os dias o ritual se repetia. Olhavam-se demoradamente. Atração irresistível. Imperceptivelmente deslocavam-se um pouco cada dia. Jurariam que não se tinham mexido e atribuiriam sempre o movimento de aproximação ao movimento de rotação da Terra. Uma qualquer microplaca tectónica que se movia sob os seus pés. Pequenos terremotos interiores. Assim, sem se darem conta cada vez mais próximos. Um jogo jogado durante algum tempo. Um dia tocaram-se de leve com as pontas dos dedos e, de imediato os corpos se enlaçaram numa suave dança. Os sentidos despertos. O coração a transbordar depois de tanta contenção. Conheciam ambos a fragilidade do amor. De quantos (des)equilíbrios é feito. No fio da navalha. Um passo de ballet: grand jeté.
Se eu soubesse o que as coisas significam, eu não teria necessidade de dançá-las.

sábado, 7 de julho de 2012

Bailarinas, tão belas, tão sensíveis. Com movimentos delicados conquistam o mundo. Voam, sem asas. Apaixonadas, dançam sem parar, superando-se a cada passo, sempre inovando seus pensamentos.