quinta-feira, 26 de setembro de 2013


"Muitos são introduzidos no ballet quando crianças, mas infelizmente nem todos tem a mesma sorte. E ao contrário do que parece, alguns não crescem com o sonho de ser um bailarino ou bailarina, o sonho de ser bailarino(a) que cresce dentro deles com o tempo. Às vezes são apresentados ao ballet clássico tarde, ou quando mais novo(a) achava tudo muito parado, ou os pais não quiseram ou puderam colocar. Mas para ser sincero eu admiro mais quem começa a fazer ballet com 40 anos de idade do que quem faz desde os quatro, não me importa se a pessoa não tem o físico, ou flexibilidade exigida, pois estamos vivendo em um mundo que o que é mais valorizado é o físico e o sentimento de amor à dança vai sendo deixado para trás.
E se a pessoa em questão entrou para uma aula de ballet adulto ou adolescente, é porque gosta. E às vezes quem faz ballet há 15 anos permanece com as sapatilhas nos pés simplesmente por ser mais cômodo, porque depois que se aprende a andar na ponta dos pés, realmente é difícil andar com o pé inteiro no chão. Não significa que uma bailarina que consiga fazer 36 fouettés seja mais feliz que uma que só consiga fazer pirueta simples; às vezes ela nem consegue fazer uma conta de subtração, enquanto a outra cursa medicina em uma faculdade federal, e se julga melhor que ela. Cada qual tem sua qualidade e diferencial, mas todas merecem ser igualmente felizes.
Quem começa a fazer ballet cedo em uma boa escola tem obrigação de saber a técnica do ballet clássico, já o lado artístico não se aprende com o tempo, nasce com a pessoa, às vezes ela só é bailarino ou bailarina por consequência, ai quem não tem sorte é ela, que está vivendo infeliz. Não se deve culpar o tempo, não se deve ouvir criticas que não são construtivas, não se deve pensar que não vai conseguir. É necessário esforço.
Um bebê não consegue andar sem antes cair, se machucar, e ter cicatrizes, a diferença é que essas cicatrizes se curam conforme você percebe que está se superando, que valeu a pena deixar de achar o ballet lindo e passar a fazer parte dele e ele parte de você. Não tem que achar "ridículo" colocar uma meia calça ou uma malha, sapatilhas e entrar em uma aula iniciante. Ridículo é quem deixa de viver fazendo o que ama, ou quem te crítica, porque às vezes quem critica é só uma pessoa frustrada que não teve a mesma coragem que você. E quem vive de lágrimas sente dor em ver um sorriso, ainda mais quando esse sorriso poderia ser o dela."
Lucas Splint

segunda-feira, 23 de setembro de 2013

O bailarino é um esportista filosófico: precisa trabalhar o corpo e ao mesmo tempo entender os problemas que vivemos.

quinta-feira, 5 de setembro de 2013

"Todos deveriam aprender ao ver o ballet de repertório 'Giselle'. Mas não aprender sobre a técnica do ballet clássico, e sim a amar de forma ingênua. A diferença de 1840 para 2013 nota-se não apenas no vestuário, mas também na forma de extrair prazer nas coisas simples, ao dançar, ao amar, amar alguém que não esteja vestido como príncipe, mas que você o veja como príncipe.
A vontade que ela tinha de bailar era maior que o medo de morrer, por conta da sua fraqueza no coração. Na verdade todos nós temos o coração frágil, porque morrer por "dentro" ao se deparar diante de uma mentira é tão doloroso quanto morrer por fora. A cena da loucura representa nada menos do que diversas pessoas apaixonadas que enlouquecem depois de acordarem de um sonho; de receber um adeus por sms; de ver a pessoa indo embora pela janela de um ônibus; de sentir o cheiro dela no travesseiro e lembrar-se de quando sentia o mesmo cheiro na pele desta; de o 'Te amo' se transformar em 'oi'; de perceber que não vive mais um conto de fadas.

Giselle representa uma garota simples, mas de sentimentos tão nobres, de olhares tão esperançosos... Está ai outra grande diferença, ninguém mais olha para o futuro com olhar de esperança; muito menos para o presente. Ninguém mais acredita que se pode ser feliz, e insistem em ao terminar um relacionamento, falar 'Não deu certo'. Sendo que se a pessoa arrancou um sorriso de você por vários os dias já deu certo. A eternidade não é sinônima de felicidade.

Giselle prefere não acreditar em lendas, em pessoas; ela prefere acreditar no que vê, não no que não existe; prefere viver a sua realidade. Fica deslumbrante ao receber um colar de valor da Batilde, mas não percebe que este brilha menos que o seu olhar; tem menos valor que seus sentimentos. O problema é que ela não olha para dentro de si; prefere reparar que veste um vestido humilde. Mas é só uma garota, nem teve tempo de aprender sobre a vida, nem teve tempo de aprender sobre o amor... Por mais que ela vivesse por anos ela não aprenderia, porque amor não se aprende, se vive. E se fosse verdadeiro ele viveria eternamente. E por mais que o seu sorriso fosse substutuído por lágrimas, ela não deixaria que acontecesse o mesmo com o Albrecht. Ela poderia não ter aprendido, mas teria muito a ensinar para quem assiste.
Ballet é uma arte que além de te ensinar a dançar, te ensina a ter outros olhares sobre a vida através dos ballets de repertório. Destacam-se aqueles bailarinos que não se atém apenas ao 'en dehors', mas que extraem as lições que a dança oferece para ter uma vida melhor fora da sala de aula.
Giselle é meu ballet favorito por ser bonito por diversos aspectos, e por a sua história ser atual. Todo mundo tem uma 'Giselle' dentro de si e que acredita em 'bem me quer, mal me quer', por mais que se considere moderno."
Lucas Splint

domingo, 1 de setembro de 2013

Feliz dia da Bailarina!

"Vou me preparar, fazer a maquiagem, aquecer meu corpo, estou muito nervosa. Mas, então, há um pouco de coragem, um pouco de emoção nele também."